Geração Y a diferença no trabalho em equipe é o décimo e último da série de artigos Liberando Potenciais, produzido por Fulvius Guelfi e dirigido por Gerson Sena, co-fundadores da CFG Soluções Corporativas. Como o título da série já indica, existem potenciais da nossa mente que estão latentes e que podem ser despertados. Liberar esses potenciais é o caminho para a conquista da autorrealização de pessoas mais felizes e equilibradas principalmente em ambientes profissionais.
O oitavo artigo “Liderança Colaborativa Sem Perder o Controle” fala sobre sua preferência de comportamento em ambientes de mudança. Você é do estilo que controla ou do que se adapta? Para que a colaboratividade se manifeste é preciso criar espaços propícios e férteis para tanto.
O nono artigo “Estado de flow: a referência do tempo” fala sobre como a percepção do tempo interfere diretamente no alcance dos seus objetivos e como a sua motivação é afetada por esta percepção.
A geração Y é conhecida pela baixa permanência no emprego. Conheça os segredos por trás dessa característica e como transformar isso em força para o grupo de trabalho.
A geração Y nasceu com a tecnologia
Hoje em dia a tecnologia vem se aprimorando em combinar e descombinar coisas. Um exemplo disso é que você sabe que quando seu perfil no aplicativo de relacionamentos combina (match), as coisas podem funcionar para você e para o outro também. O problema é quando nos enganamos com o perfil e aquilo que deu “match” vira na verdade é um grande “mismatch”.
Vamos combinar que assim não dá!!
A geração Y e seu ponto de interseção com o trabalho em equipe
Uma grande parte da força de trabalho nas empresas hoje e nos próximos anos é e será composta pela geração Y. Para você ter uma ideia pesquisas indicam que em 2025, 73% dos trabalhadores serão da geração Y. É importante para você, líder de equipes, prestar atenção ao comportamento desse grupo.
Uma das características marcantes da geração y é o baixo tempo de permanência no emprego. Que já foi até tema de pesquisa. Existe uma razão que explica esse desejo precoce de mudar de emprego comparado a outras gerações. É o fato das pessoas da geração Y sentirem-se motivadas pela inovação, criação de novas ideias e novos desafios.
E aqui está o ponto onde a geração Y combina com algumas pessoas que não, necessariamente, fazem parte dessa geração. E que talvez se pareçam com alguém aí da sua equipe. Quero chamar sua atenção para este ponto de interseção entre a geração Y e estas pessoas. Portanto, que pessoas são essas?
Curiosamente, os indivíduos que se sentem atraídos, motivados pelo novo, ideias diferentes das que já existem e novos desafios são também aqueles que valorizam mudanças, variedade e novidades. Eles não gostam de situações que permanecem estáticas porque acham muito chatas. Eles notam apenas diferenças, problemas e coisas que não se encaixam.
Além disso, praticamente para tudo que você fala, essas pessoas parecem ter uma lista de coisas pronta para rebater. Coisas que aparentam ter o propósito de invalidar o que você acabou de dizer.
Geração Y não é o problema
Você já se relacionou com pessoas que possuem essa características? Você vem e apresenta uma ideia e a pessoa observa e chama a sua atenção para coisas que podem dar errado em relação ao que você falou. É sutil e na primeira vez você releva, no entanto vai se acumulando ao longo do tempo. Então, para você elas aparentam ser totalmente do contra. Parece mesmo que a pessoa se posiciona como um adversário.
E como lidar com alguém, dentro da sua equipe, que deveria estar jogando no seu time, mas está com um comportamento desses?
É aí que surge a sensação como se o inimigo estivesse ao lado ou infiltrado no seu time! Não é uma surpresa a opinião contrária que ele vai compartilhar, todos já esperam por isso. Assim, a consequência é que os membros da equipe começam a evitar o relacionamento com aquela pessoa.
Além disso, os demais membros da sua equipe também começam a perceber essa característica que como já vimos é marcante. Portanto, isso afasta a pessoa dos relacionamentos, isola e por mais que seja uma ideia ou opinião válida, sempre que vem dessa pessoa é carregada de preconceitos.
Até que a situação se torne insustentável e termine na substituição daquele profissional.
Potencial humano
Todos os seres humanos são dotados da capacidade de aprender, desaprender e reaprender. É algo natural e inerente à curiosidade humana. Através dessa característica é possível nos treinarmos a novos modos de fazer as coisas.
Com base nisso, a série Liberando Potenciais é sobre a capacidade de liberar os potenciais que tornam as pessoas mais satisfeitas e equilibradas em seu ambiente de trabalho. Em todos os casos o problema não é você, mas sim, o que você pensa e acredita sobre as coisas.
Nossos desafios surgem a partir das percepções que temos das coisas que acontecem à nossa volta. E muitas vezes são apenas percepções e não necessariamente refletem a realidade. Assim, podemos mudar o mundo mudando apenas a forma como interpretamos e compreendemos as coisas.
Nós desenvolvemos padrões de pensar, sentir, agir e falar, que podem realmente nos limitar sem percebermos. E a boa notícia é que podemos expandir esses limites. Ao fazermos isso nos tornamos profissionais mais flexíveis, de acordo com o contexto específico.
Existe um aprendiz em todas as pessoas. E você também pode treinar algumas habilidades que vão te tirar dessa situação, através de um processo simples. Imagina só se tudo isso se resolver a partir de recursos que você já possui, despertando e liberando o seu potencial.
O que fazer para superar as diferenças
A todo momento classificamos e comparamos as coisas. É assim que nos relacionamos com elas. E a forma que utilizamos para comparar pode ser preferencialmente por combinação ou por descombinação. Porque isso é só como preferimos fazer nossas comparações.
Em geral, aprendemos a mesclar e misturar essas duas estratégias. Portanto, o ponto aqui é que você agora sabe que isso se trata apenas de uma preferência ao comparar coisas e não de um ataque, ou mesmo um esforço contra o que você pensa ou fala.
E você já consegue perceber, em você, a sua preferência? Ou seja, o quanto de cada estratégia você usa ao fazer comparações? Você prefere combinar ou descombinar primeiro? Por qual você começa?
E veja só, essa preferência é mais problemática ainda quando você percebe que isolar, dispensar ou excluir não é uma boa solução. Nem pra pessoa, nem pra você. Afinal, você também sabe que é essencial ter na sua equipe pessoas com opiniões diferentes da sua, crítica, disruptiva, contrária, etc… Isso é essencial no desenvolvimento do projeto da equipe e das pessoas.
Essa pessoa que exibe a característica de descombinar, que normalmente é responsável pela parte criativa do time, é quem vai pensar fora da caixa, quem percebe o que está faltando. Ou seja, é a pessoa que mais pode contribuir com inovação e criatividade nas soluções. Em geral, de forma bem pragmática.
Logo, lidar com esta situação agora é mais fácil pois você já está atento para alguns pontos importantes. Então, daqui pra frente vamos falar da prática
1- Encontre o padrão
A partir da sua própria experiência identifique o padrão que cada indivíduo apresenta. Enquanto isso, lembre-se que é só um padrão. Então, você precisa colecionar mais que 3 exemplos claros de uso de uma preferência para configurar um padrão.
2- Os desafios da tarefa
A preferência por descombinar é a mais desafiadora e ao mesmo tempo enriquecedora, como já vimos. Com estes indivíduos identificados você então começa um trabalho de acompanhamento. Assim, entre no mundo da pessoa. Ou seja, valorize as opiniões em contrário. Então, pergunte sobre os “para quês” que motivam a pessoa a trazer aquele ponto de vista.
Permita-se surpreender com as respostas que você vai receber.
3- Convite à mudança
Com cautela e mostrando que valoriza as opiniões contrárias. Pergunte ainda sobre como a pessoa pode criar um ponto de vista diferente, de preferência, agora, combinando. Será um desafio para ela. Então, ofereça alguns pensamentos que ajude a justificar, motivar, explicar ou embasar a forma combinativa de pensar.
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- Agora que você me alertou para o que pode falhar, me diga, como isso pode dar certo?
- Como seria a forma mais criativa e diferente de fazermos isso funcionar ou acontecer?
- Como você acha que pode contribuir com o grupo com sua forma de pensar?
Adicionalmente, quando quiser uma opinião a favor, mostre-se e fale contra a sua própria ideia. Você vai se surpreender sobre como esta pessoa criativamente pode oferecer uma lista de soluções interessantes sobre como a sua ideia funciona.
É isso! Com estes 3 passos simples e algum tempo de treino você se tornará um comunicador mais efetivo. Você agora tem maneiras de alcançar seus objetivos que outras pessoas simplesmente desconhecem. Para você agora é possível extrair o melhor das pessoas e utilizar isso a seu favor.
Valorizando as diferenças e a geração Y
Minha intenção com este tema é abordar o que existe de valor e oportunidades, até então ocultas, na preferência de descombinar. Estar atento a essas estratégias é uma forma inteligente de mostrar respeito e promover o fortalecimento do espírito de equipe. O líder congrega pessoas quando agrega as diversidades das características das gerações.
Afinal você poderá se beneficiar muito com as pessoas que tem uma preferência inicial pela estratégia mismatch, elas têm facilidade em perceber o que falta, o que está em desacordo, o que não faz sentido. No desenvolvimento de um trabalho essas habilidades são muito importantes e podem mesmo significar a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Então, olhar para geração Y é dar importância a isso. Estamos diante das melhores oportunidade para liberar os potenciais que tornam as pessoas mais satisfeitas e equilibradas gerando ganhos para todos.
De fato, é um presente. Aproveite ao máximo.